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sábado, 11 de agosto de 2018

Enquanto a noite durar - A famosa brincadeira do Compasso

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- Amanda, eu e seu pai vamos sair, será que consegue se comportar até nós voltarmos?
- Claro Mãe, não me trate como uma criancinha, eu já tenho quinze anos.
- Tudo bem garotinha, pode chamar a Stefany e a Geovana para dormirem aqui.
- Está bem, que horas vocês voltam?
- Agora são sete horas – Olhou para o relógio – Voltaremos antes da meia noite.
A mãe deu um beijo no rosto da filha. E o seu pai também, saíram de carro, deixando apenas o número do telefone colado na geladeira, caso precisassem.
Era lua cheia e noite de sexta-feira 13. Dizia à lenda que era possível despertar os mortos e o instinto assassino nas pessoas. Era o que Amanda e suas amigas planejavam fazer na sua casa, uma pequena chácara longe da cidade. Não demorou muito para que suas amigas chegassem.
- Eu trouxe tudo. Vamos começar logo! – disse Geovana carregando algumas velas, um compasso e uma folha.
- Meninas, vocês tem certeza que querem fazer isso. Eu estou com medo – disse Stefanie.
- Não vamos desistir agora. Precisamos fazer um vídeo legal e ganhar muitos likes na internet – disse Amanda
- Está bem – rendeu-se interessada no efêmero sucesso que esperava ganhar, até porque seu sonho era ser muito famosa.
Elas fizeram um circulo no papel de caneta com as letras do alfabeto, números de 0 a 9 e as palavras Sim e Não. Sentaram-se em volta do circulo, colocando as velas em volta, pois acreditavam que a luz apagada daria um ar de suspense. Ligaram a câmera e começaram a gravar.
Usando um compasso, Amanda e suas amigas colocaram a ponta dos dedos indicadores e começaram a manipular o objeto.
- Somos Amanda, Stefany e Giovana e invocamos algum espírito que queira conversar conosco.
- Exatamente! – responderam as outras duas.
- Tem alguém aí? - perguntou Amanda – e levemente o compasso moveu-se para a palavra Sim, Elas gelaram, mas ao mesmo tempo sentiram um tipo de adrenalina.
- Isso deve ser brincadeira, vocês devem estar armando – disse Geovana – Quero fazer uma pergunta para este tal espírito. Você consegue mover objetos? – O compasso moveu-se para o Sim – Então, quero que apague uma destas velas. Você consegue? – perguntou ela de novo.
- Por favor, não! - disse Stefany enquanto seu dedo tremia – Não vamos mais brincar com isso.
- Não vai acontecer nada. Veja – disse Amanda – Quando ela voltou a olhar novamente para o circulo ele estava na palavra Sim.
Elas se afastaram e ficaram olhando para as velas, aguardando a presença do espírito. Depois de uns longos minutos de espera, Amanda disse.
- Viu Stefany, não aconteceu – E antes que ela terminasse a frase uma das velas se apagou e ambas se assustaram e se entreolharam. Mas Geovana ainda não acreditou.
- Eu ainda duvido, deve ter sido o vento meninas – Ela continuou com o compasso na mão – Como se chama fantasminha? – As letras se moveram formando Marta, mas elas ficaram na dúvida se talvez não estivesse escrito Morta. – Qual é a sua idade? – enquanto apenas Geovana segurava o compasso, as outras apenas assistiam. O número dito foi 4 e 3, o que elas supuseram ser 43 anos – Prove que está conosco! – Geovana largou o compasso e ficou encarando as meninas.
- O que aconteceu Geovana? – Perguntou Amanda
Ela demorou a responder e ficou encarando seriamente as garotas
- Ela disse cozinha – disse por fim, e algumas panelas caíram no chão, fazendo com que Stefanie gritasse! 
– Deve ter sido o gato da Amanda, não grite Stefanie!

- Como posso não gritar, coisas estranhas estão acontecendo – Ela começou a se apavorar e chorar. Amanda a abraçou e a confortou dizendo.
- Acalme-se, acho melhor pararmos está brincadeira Geovana, está ficando séria demais e já perdeu a graça.
- Ainda preciso de mais uma coisa. Depois paramos. – Pegou novamente o compasso. Quero que venha nos visitar pessoalmente Marta Morta.
- Não!!! - As duas gritaram para Geovana. Mas um vento surgiu apagando todas as velas e dentro do compasso saiu uma fumaça cinza entrando na boca de Geovana como uma bola de fogo.
Não era mais Geovana. Um espírito a possuía e agia estranhamente. Estalou os dedos, arregalou os olhos e mexia o pescoço e as pernas totalmente tortas. Inspirou um perfume e falou melosamente.
- Quero sangue. Sinto cheiro de sangue.
Stefanie e Amanda gritaram e saíram correndo para a cozinha á procura de algo para se defender, mal podiam enxergar. Amanda arrancou o papel deixado por sua mãe. E o celular também.
- O que nós fizemos. Não é mais ela – cochichou Amanda – Vamos nos esconder e sair logo daqui.
- Estou com muito medo. – Elas se abraçaram e foram para fora.
E não demorou para que Marta Morta pegasse a faca que estava no chão e foi atrás das meninas na cozinha.
- Ainda Sinto cheiro de sangue.
Viu a porta da cozinha aberta percebendo pelo cheiro que as garotas estavam La fora. Viu-as correndo em direção as árvores e foi atrás mais depressa que elas. Stefanie gritava, olhava para trás e não reconhecia mais a amiga. Ela tropeçou em uma pedra e caiu no chão. Marta Morta chegou perto dela.
- Por favor, não me mate. Você é minha amiga.
Ela riu. Enfiou a faca em sua barriga a esfaqueando várias vezes. Amanda viu de longe o massacre de sua amiga. Chorou e continuou a correr. Marta Morta bebeu o sangue e comeu o coração dela, degustando o sabor precioso de sua vida.
Amanda subiu uma montanha de pedras em busca de sinal para ligar para os pais pedindo socorro. Estava desesperada, discando os números, e não demorou para que Marta Morta aparecesse e puxasse os seus pés.
- Fica longe de mim – disse Amanda. – Ela se segurou em um galho de árvore – Me solte sua víbora. Deixa a minha amiga em paz.
Mas Marta Morta a puxou e arranhou seu rosto. Amanda tirou a faca da mão dela, que caiu lá embaixo.  As duas se agarraram e travaram um confronto de forças. Amanda puxou os cabelos dela, e se jogou a empurrando para baixo, rolando 3 metros sobre as pedras.
Quando chegou lá embaixo, viu que Marta Morta estava desmaiada. Para acabar com aquilo ela agarrou o pescoço e a estrangulou fortemente. Foi quando viu que o espírito saiu realmente do corpo. Ela havia perdido uma amiga, e matado a outra.
Ficou ali até amanhecer o dia, quando seus pais a encontraram. Ela não disse mais nenhuma palavra. O vídeo gravado foi encontrado destruído. E os restos de seus dias Amanda passou internada em um hospício para loucos, com a crise de personalidade e os gritos.
- Quero sangue! Sinto cheiro de sangue!

By Mrysol 
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